quarta-feira, 26 de maio de 2010

DRIBLANDO AS DIFERENÇAS


Em ano de Copa do Mundo, num país de dilatadas veias futebolísticas como o Brasil, é impossível ficar indiferente a toda agitação que invade o imaginário popular e os mais remotos pontos do planeta futebol.

Será o evento que reúne as potências dos gramados apenas uma grande jogada comercial dos verdadeiros donos da bola: magnatas que mais parecem com os meninos de nossa infância, que escolhiam os times nas peladas disputadas em ruas e campinhos por serem os donos da pelota? Ou será esta paixão nacional somente um potente analgésico para anestesiar massas sofridas, aliviando assim temporariamente sua dolorosa realidade de pobreza e vergonhosa corrupção?

Sei que a Terra não para de girar quando começa a rolar a bola nos gramados. Engana-se quem pensa que nossos problemas do dia-a-dia podem ser driblados por chuteiras coloridas, também não é possível com o uso do cartão vermelho expulsar toda injustiça social que aperta o calo de nossa “pátria de chuteiras”. Mas, mesmo assim, ainda enxergo valores mais reais nestes gramados do que as cifras milionárias que envolvem este popular esporte.

Devemos aplaudir, por exemplo, a atitude de um jogador como o Lúcio, capitão da seleção brasileira e da Inter de Milão, que mesmo após ser desprezado pelo técnico que dirige o time adversário, na grande final ainda encontra fôlego para após vitoriosa partida correr na direção deste desafeto, driblando todo passado e marcando assim, com seu abraço, um gol de placa chamado perdão. Sem dúvida este atleta de Cristo levou para casa o mais importante troféu daquela partida, como ele mesmo disse: “Depois do jogo ele me deu os parabéns, me chamou de amigo e eu disse que ele também era meu amigo. Não guardo mágoas”.

Independente de que país erga a taça ao final deste disputado certame, que a nossa verdadeira torcida seja para que mais exemplos como este sejam vistos não somente nos gramados e nas televisões, mas também em nossas igrejas, família, trabalho e espelho.

Caro amigo, é preferível você ser perna de pau como eu no trato com a bola, do que sermos caras de pau no trato com as pessoas, como muitos cristãos hoje são. Ao invés de criticarmos tanto tudo e todos, deveríamos ser autocríticos e mandarmos nossa estrela, chamada orgulho, para o chuveiro, tirando de uma vez por todas o amor pelo próximo do banco de reservas.

A falta mais desleal que existe não é um carrinho cometido por trás, mas sim um sorriso falso a nossa frente. Sendo assim, siga a orientação de um homem que já balançou muitas redes, chamado Simão Pedro: “Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro” (1 Pe 1.22).

Nenhum comentário: